sexta-feira, 12 de junho de 2015

De sempre.

Mais um fim de tarde, com a hora de sempre, o movimento de sempre, a rotina de sempre, e o olhar de sempre que parte na embuscada de procurar aquela matricula. Só para o poder ver, ao longe, de longe, mas para o ver. 
Não lhe chegam as fotografias, as memórias, muito menos as saudades. Falta-lhe a presença dele. 
Questiona-se vezes sem conta de como é possível sentir tal coisa de tal maneira... Aliás, pergunta-se se isso é passível. Mas é. E se ela não sentisse, ela não acreditava.
Passaram-se anos desde que ela o conheceu. Passaram-se muitos dias e meses. E as datas de cada coisa, estão todas tão decoradas, tão entranhadas, tão tudo. Lembra-se daquele primeiro beijo. Lembra-se da primeira conversa. Lembra-se do primeiro olhar. Lembra-se da primeira vez que ele a foi buscar. Lembra-se da primeira vez que ele foi ter com ela. Só que não é só isso... Ela lembra-se dessas primeiras vezes, mas também se lembra da segunda, da terceira, da milésima e da última. É esta imprudência. São quase sete anos. E vem agora meia dúzia de não sei quês julgarem isto tudo, porem em causa, quererem beliscar e barafustar. Para quê? Toda a gente sabe o que ela sente. Até o cego lhe mostraria compreensão se a visse. Ela dizia outrora: "Eu pensei. Eu refleti. Eu descobri. Descobri que amei com tudo, menos com moderação.". E hoje, continua com a mesma moderação de amor. Continua a vê-lo como um tudo. E hoje ela voltaria a ficar de braços abertos para o acolher. No colo de sempre, no mimo de sempre, naquele sorriso matreiro de sempre. E claro, sem faltar o último cigarro de sempre.

domingo, 24 de maio de 2015

Eternamente.

E se hoje te dissesse que o teu eu, é sempre o meu agora? E atrelasse a isso o carinho com que pronuncio o teu nome, o sorriso com que te relembro em pormenores? E acrescentasse ainda o facto de ter a plena noção de que só eu sei o que isto é e o quanto é das entranhas. 
É difícil qualquer pessoa que tente perceber, atingi-lo. Alguns condenam, outros desvalorizam e outros, sendo estes a esmagadora maioria, dizem-me para deixar de ser tola. Por ti, acrescento eu. Mas sim. Eu acredito em tudo. Em tudo que sinto. No quão sublime isto pode ser, se for visto deste lado da janela. 
Ao mesmo tempo, apraz me dizer que eu não tenho que justificar nada a ninguém. A não ser a mim. Nem tu, nem todo o teu eu que contemplo, necessita das minhas justificações. E verdade seja dita... O pouco tempo que tenho em que te poderia justificar, é reclamado por ti para outros assuntos, demasiado nossos para serem desperdiçados com justificações, porquês e respostas. 
Não sei porquê que isto é assim, desta forma tão assíncrona com uma vida normal vivenciada pela paixão. 
Sabes... Chamam-me louca. Por acreditar em ti. Por acreditar no que sinto. Porque acreditar em mim. 
Percebeste? Não? Bem, chamam-me louca por acreditar no amor. Além disso julgam-me, por acharem que quero uma vida perfeita, um amor lindo e tretas. Mal eles conhecem o meu coração. 
Verdade que me admito como uma eterna apaixonada. No entanto... Só tu o ouviste tão de perto, só tu o conseguiste tocar tão subtil e eternamente... Por isso, quem são eles e o que sabem, para falarem do meu coração? 
A intersecção tem de ser o único ponto. O ponto de tudo. E nós? Quantas já foram as intersecções? 
Sabes que mais? Sei que ainda me és tudo quando percebo que passados anos, sou a mesma miúda a escrever. 
Há coisas que não mudam, certo? Uma delas é eu saber que, ainda hoje, ao ouvires algumas palavras, e ao passares em alguns trilhos te lembras de tudo. 
Vamos? Agora. Já tenho carta, já não tenho medo, já sei as velocidades e já não recorro só ao travão de mão. 
Vamos? Agora. Ainda te idolatro, como ontem. Mesmo depois de todas as boas asneiras e maus erros. 
Vamos? Sim. Agora. Hoje. Já. E tornar-te-ei, eternamente, no teu eu, tão teu, de quando estamos juntos.
Vamos? Olha, sou a mesma miúda a escrever. Só quando é sobre ti. Só quando sinto à flor da pele o teu toque, o teu cheiro, o teu suspiro e o meu (teu) beijo de sempre, naquele ponto do pescoço que só tu sabes!

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Transparecer.

Hoje apenas ficaria bem se pudesse deixar de lado, na prateleira mais longe, todos os ses e todos os mas.
Tenho-me sentido presa por não conseguir obter resposta a nenhum dos porquês que, inevitavelmente, me aprazem, embora num tom deveras irónico, e que ao mesmo tempo estão como que a amordaçar-me. 
Tu sem culpa nenhuma, acabas por padecer de todas estas dúvidas. Talvez sim, talvez não. Não fosse esta tão subtil incerteza e esta tão perplexa forma de me afeiçoar. 
Começo a transbordar de pensamentos, de sentidos, de sensações. Começo a transbordar de ti. Mas não é o que quero. 
Eu quero transbordar de mim, e poder colocar tudo no teu horizonte. Paralelo a ti. 
Esgotam-se, de forma eficaz, as capacidades de me tornar opaca. Sinto-me a transparecer, cada vez mais. Neste momento o meu campo das sinergias está, simplesmente, desregulado. Chega!
Escuta! Hoje, quero-te! Sem tretas. Sem rodeios. Sem ses. Sem mas. Sem porquês. Quero-te sem saber nada disso. Sem causa. Sem efeito. Sem sons. Sem vozes. Sem motivo. Sem desejo. Simplesmente te quero. De braços abertos. E no maior silêncio que me conseguires receber.
Hoje, quero-te, apenas nos meus olhos. E conseguir olhar-te seria o fim de tudo, porque aí sim, ficaria, inequivocamente, transparente de mim... E aí tu serias capaz de ver tudo, ao mais ínfimo pormenor. Acabarias por entender, sem eu ter de proferir qualquer palavra que fosse. Resumindo-se no final, ao que sou. Ao que sou, neste momento, por ti. Resumindo-se no final ao que fizeste de mim. 
Hoje quero-te e só faltam cinquenta e três minutos para acabar o dia.
Olha... Hoje, queria-te!

domingo, 26 de abril de 2015

Enrolada.

Sem mais nem menos, sem porquês, sem comos e quandos, a verdade é que isto está a ficar de uma leveza completamente inapropriada. Ou então, talvez não. Porém... Acabo de me sentir enrolada, por ti!
Em vozes, em tons, em risos, em murmúrios, em lamentações, em criticas e em piadas. Tudo muito à sua maneira, do seu eu. E tão ao natural. Tão subtil e ao mesmo tempo tão atrevido.
Estaremos a pensar no mesmo? Da mesma maneira? E na mesma forma? Que eloquência tão pura.
Hoje continuarei aqui, a sentir-me enrolada, por ti. Mas não em ti. 
E isso deixa-me num estado fugaz de querer mais. De me desprender e te desprender, a ti, também. E num ato de loucura, deveras sensato, tocar-te, ao de leve, suspirar-te ao ouvido, e mostrar-te como um impulso pode ser controlado. E dessa maneira, poder adormecer, no teu peito, enquanto sorris por estar a perder a melhor parte do filme. Mal sabes tu o que o meu sono desencadeou. E que só adormeci para poder, inevitavelmente, ao pousar a cabeça no teu peito, ouvir o palpitar o teu coração, acelerado demais para quem está simplesmente refastelado num sofá a ver um filme, ao meu lado.
Tomas a proporção do que está a acontecer, acabara de me redimir. O coração bate mais devagar, reclinas a cabeça sobre mim, e também tu acabas por adormecer. Muito mais tranquilo, porque te deixaste desprender. Deixaste-me tomar conta de ti, e fazer esse feito.
A persiana ficou entreaberta, basta acordarmos aos primeiros raios do sol, só aí vamos sentir o frio, pela necessidade do manto nos cobrir e tapar toda a claridade. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Apetecer.

Apetece-me. Aliás apeteces-me. Ao de leve. Só assim num sussurro, num suspiro, num toque ou num olhar. 
Apeteces-me por me apetecer. E torna-se difícil contornar isto. 
E quando a noite, subtilmente, cai em mim, apeteces-me ainda mais. Nem sei bem como. Mas no teu estado mais natural, mais tu, mais teu. Apetecível está a ser imaginar. Imaginar-te... 
Como serás realmente? O que escondes? Que mistério é esse? Eu ao menos, deixo tudo, um bocado ao descoberto... 
Hoje continuas a apetecer-me. Sim, cair nos teus braços continua a ser uma tentação. 
Num tom muito sublime acrescento: estou a resistir. No entanto, após isso, solto o ar sério e sisudo e reflito: por enquanto. 
Raios. Isto é demais.... 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Perfeição.

Hoje não temeria nada. Acordei disposta. Dormi bem... E sonhei. 
Sonhei ter-te sentado nas escadas do meu prédio, somente a conversar. Daquelas conversas que não dão pano para mangas. Um bocadinho mais bloqueadas e menos fluentes que as outras.
Mas aquele desejo. Aquela vontade imprudente. Aquela pressa em resolver-se. Em resolver-te. Em resolver-me. Essa mesmo, que já outrora falei. É incrédula.
De repente só me continha para não te dizer o que queria, não para sempre, mas naquele momento. O que me fazia ficar a pensar quando me ia deitar. O que me fazia acordar e pensar. O que basicamente, e ultimamente, andava na minha cabeça.
E naquele momento a minha única vontade passava por te dizer que não queria parecer insana, não, não queria ser daquele tipo louca, queria mesmo ser a mulher decente, mas a mulher decente que te queria dizer, de forma tão honesta e sincera quanto isso mesmo que quer ser, decente: que vontade de me atirar para os teus braços, descaradamente. Tornar de tudo que possa ser mais imperfeito, a perfeição. Os teus defeitos serem a perfeição do teu imperfeito feitio.
E por esta forma direta mas muito sublime, com este exercício deveras excelso, queria expulsar tudo, desde as entranhas, e então, por-te a par do que quero, agora, neste momento. E sentir, nesse mesmo momento que te tinha tirado de ti, seria o auge. Obrigatória e intuitivamente, soltaria o sorriso. Esse, matreiro:
- Subimos?
- Sim, agora!

sábado, 11 de abril de 2015

Caos.

Dás-me vontade de ti. 
Dás-me vontade de um beijo entre o suspiro e o sorriso. De uma mordidela no lábio, o mais provocante que conseguir. Dás-me vontade de ti, dás-me vontade de mim, dás-me vontade. Só. Continuo a querer-te, às escondidas. A pensar em como seria o teu paladar, o teu toque e o teu murmúrio no meu ouvido. Sim, provavelmente seria o casos. Mas um muito subtil caos. Um caos que me devolveria o chão. Um caos que formei com o que quis. 
Queria, neste momento, que te desprendesses. Que me desprendesses. E que caíssemos os dois, um no outro. E então eu poderia dizer que realmente tudo tem os seus quês, que tudo tem um motivo, e que muita coisa se provoca. Nesse dia chegava de saudações, e tudo acabaria um caos.