Mais um fim de tarde, com a hora de sempre, o movimento de sempre, a rotina de sempre, e o olhar de sempre que parte na embuscada de procurar aquela matricula. Só para o poder ver, ao longe, de longe, mas para o ver.
Não lhe chegam as fotografias, as memórias, muito menos as saudades. Falta-lhe a presença dele.
Questiona-se vezes sem conta de como é possível sentir tal coisa de tal maneira... Aliás, pergunta-se se isso é passível. Mas é. E se ela não sentisse, ela não acreditava.
Passaram-se anos desde que ela o conheceu. Passaram-se muitos dias e meses. E as datas de cada coisa, estão todas tão decoradas, tão entranhadas, tão tudo. Lembra-se daquele primeiro beijo. Lembra-se da primeira conversa. Lembra-se do primeiro olhar. Lembra-se da primeira vez que ele a foi buscar. Lembra-se da primeira vez que ele foi ter com ela. Só que não é só isso... Ela lembra-se dessas primeiras vezes, mas também se lembra da segunda, da terceira, da milésima e da última. É esta imprudência. São quase sete anos. E vem agora meia dúzia de não sei quês julgarem isto tudo, porem em causa, quererem beliscar e barafustar. Para quê? Toda a gente sabe o que ela sente. Até o cego lhe mostraria compreensão se a visse. Ela dizia outrora: "Eu pensei. Eu refleti. Eu descobri. Descobri que amei com tudo, menos com moderação.". E hoje, continua com a mesma moderação de amor. Continua a vê-lo como um tudo. E hoje ela voltaria a ficar de braços abertos para o acolher. No colo de sempre, no mimo de sempre, naquele sorriso matreiro de sempre. E claro, sem faltar o último cigarro de sempre.